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Perigos que cercam este modelo de organização do Enong



Muito se fala sobre os problemas políticos entre Programas de DST/Aids e movimento de aids vividos no Brasil. Presente e solidificado no imaginário das ONG/Aids e redes de pessoas vivendo com HIV/aids meio uma descrença generalizada no funcionamento do sistema político de saúde.


A relação de representações parece frágil, ou seria a composição de segmentação do movimento uma das razões para a crise representativa e política?


Debater a política nacional de aids não é uma tarefa simples e as repostas estão em longo prazo de serem conquistadas. Tudo se desenvolve no âmbito da subjetividade, não é mais do que uma questão de perspectiva. Não existem soluções mágicas ou imediatas, trata-se de um processo de maturação de interlocução para com diversas pastas de governo.


Espera-se uma renovação do Movimento Nacional de ONGs (ENONG). O cenário atual, em tese, deveria ser plenamente apto a espelhar os mais diversos posicionamentos ideológicos existentes no movimento de combate a aids.


Tantas diversidades deveriam ser capazes de refletir e avançar na composição multi-ideológica do contingente das pessoas que vivem com HIV/aids. Contudo, deparamo-nos em um movimento solidário apesar das diferenças ideológicas, políticas e pessoais que podem perder a razão de ser. Tais diferenças e posicionamentos pecam pela radicalidade, apesar da consistência lógica.


A maturidade não é inviável, ativistas e sujeitos políticos devem buscá-la, atentando para os perigos que cercam este modelo de organização e metodologia do Enong.


Um dos maiores riscos que rodeiam o movimento nacional de aids, em seus princípios está presente na falta de sustentabilidade financeira e nos conflitos de interesses dos detentores do “poder”. As representações do movimento nacional de aids destinam-se a assegurar a autenticidade do sistema representativo.


Elas são canais por onde se realiza a representação política em prol das pessoas que vivem com HIV/aids, assim como para a promoção de ações preventivas as DST/Aids e Controle Social, no movimento de combate a aids, não se admitem representação do “EU”, pois ninguém pode concorrer a eleições se não for legitimado por seus Fóruns, e/ou redes de pessoas vivendo com HIV/Aids.


Neste 18º Enong estou eleito e legitimado para compor o Grupo de Trabalho no Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e Aids (GT-Unaids). O Unaids mobiliza e inspira o mundo para alcançar sua visão compartilhada de zero nova infecção por HIV, zero morte relacionada à aids e zero discriminação.


O Unaids une os esforços de 11 organizações da ONU – ACNUR, Unicef, PMA, Pnud, UNFPA, Unodc, ONU Mulheres, OIT, Unesco, OMS e Banco Mundial – e trabalha em colaboração com parceiros nacionais e internacionais para maximizar resultados da resposta à aids.


É importante ressaltar o que me torna representante do movimento de aids é a minha trajetória nos espaços de participação de incidência política. Embora a incidência nas políticas varie de um espaço para outro, já que seu caráter vai de consultivo até deliberativo, todos eles almejam incidir na qualidade das políticas em DST/aids, de modo a aperfeiçoá-las.


Quanto mais debatidas e aprofundadas questões do GT-Unaids em fóruns, seminários e/ou congressos, maior será minha capacidade de representante de exercer meu papel com qualidade e, por outro lado, maior será o apoio dado pelo movimento.


A compreensão do meu papel e de como fazer para qualificar as intervenções contribuirá para o fortalecimento da resposta brasileira da sociedade civil organizada na luta contra a aids. Para mais este desafio agradeço a todos os delegados do 18º Enong que a mim confiaram seus votos.


* Américo Nunes Neto é presidente do Movimento Paulistano de Luta Contra A Aids, diretor do Instituto Vida Nova e representante do movimento de aids no GT-Unaids.

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