Visibilidade Trans no Brasil e comemorado no dia 29 de Janeiro
O dia da Visibilidade Trans no Brasil, comemorado em 29 de janeiro, é uma data simbólica destinada a lembrar a luta de pessoas trans (travestis e transexuais) pelo respeito à identidade gênero e direitos básicos. A população de travestis, mulheres transexuais e homens trans possui demandas muito específicas em relação à saúde. Dentre elas, o uso de um nome social (diferente do nome civil de registro) nos serviços de saúde, uso de hormônios e silicone para modificação corporal. Esta falta de acesso aos serviços de saúde vulnerabiliza ainda mais as pessoas trans. Logo, muitas acabam se automedicando, buscando hormônios em mercados clandestinos, utilizando intervenções como injeção de silicone industrial por bombadeiras para modificação corporal por falta de acesso a próteses seguras e, até mesmo, podem ocorrer situações de automutilação em virtude da dificuldade de acesso à cirurgia de redesignação sexual, dentre outras questões. A problemática relacionada a questão trans no âmbito da saúde aparece quando algumas demandas específicas desta população não são atendidas por dificuldades no acesso aos serviços de saúde por diferentes motivos, e este é um dos principais fatores que as tornam vulneráveis à infecção pelas IST, HIV/aids e hepatites virais e as colocam como população-chave. Sabe-se que no Brasil há um déficit em relação a dados específicos da infecção por HIV, Sífilis e Hepatites B e C entre pessoas trans. Entretanto, uma pesquisa por metodologia RDS (respondent driven sampling) específica para a população de travestis e mulheres transexuais (que estão entre as populações-chave para resposta governamental em relação ao HIV/Aids) está em curso em 12 capitais brasileiras, a fim de levantar estes dados sobre prevalência de HIV, sífilis e hepatites B e C, bem como comportamentos e práticas de mulheres transexuais e travestis.
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A estratégia Viva Melhor Sabendo também vem levantando dados importantes sobre a questão do HIV entre travestis e transexuais. Dos 29.713 testados, foram 1.125 travestis e 487 pessoas transexuais, sendo 142 travestis positivas para o HIV e 30 pessoas transexuais positivas, sendo 117 travestis positivas encaminhadas a serviços de saúde e 28 pessoas transexuais positivas e positivos encaminhadas e encaminhados a serviços de saúde, o que mostra um quadro positivo no processo de encaminhamento aos serviços. Tendo em vista tais questões de saúde pública, ações concretas visando melhoria das condições e ampliação do acesso de pessoas trans aos serviços de saúde são fundamentais. No intuito de contribuir com a melhoria do acesso de pessoas trans aos serviços de saúde, bem como melhor informar e sensibilizar os profissionais de saúde sobre as demandas desta população, o Departamento de Vigilância, Prevenção de Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, em parceria com o Departamento de Apoio à Gestão Estratégica Participativa e com a sociedade civil, por meio das redes nacionais de pessoas trans, está produzindo um webdocumentário intitulado POPTRANS, trazendo conceitos importantes, vivências e experiências do cotidiano de pessoas trans e suas demandas em serviços de saúde. Estão programados 10 capítulos que serão disponibilizados nas redes sociais do Departamento de Vigilância, Prevenção de Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, sendo que os dois primeiros serão lançados oficialmente na Semana Nacional da Visibilidade Trans, dando início a este importante projeto. Um lançamento oficial desta série de webdocumentários está programado como parte das atividades de comemoração ao Dia Nacional da Visibilidade Trans.