Sem ações pela igualdade de gênero, mundo não alcançará objetivos globais, informa a ONU
Sem o rápido progresso para a igualdade de gênero e ações reais para acabar com a discriminação contra mulheres e meninas, a comunidade global não será capaz de manter a promessa de "não deixar ninguém para trás" no caminho para pôr fim à pobreza, proteger o planeta e avançar na prosperidade até 2030, de acordo com novo relatório das Nações Unidas lançado na quarta-feira (14).
"Este é um sinal urgente para a ação, e o relatório recomenda os caminhos a seguir", disse a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, no lançamento do documento "Transformando promessas em ação: Igualdade de Gênero na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável".
Falando a jornalistas na sede da ONU em Nova Iorque, Phumzile disse ainda que "estamos comprometidos com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para não deixar ninguém para trás". No entanto, afirmou ela, o relatório mostra muitas áreas onde o progresso permanece devagar para atingir os objetivos globais até 2030.
Até mesmo onde houve progresso, este pode não ter atingido as mulheres e meninas que precisam mais dele, assim como aqueles que estão sendo deixados para trás, completou a diretora-executiva da ONU Mulheres.
O relatório analisa com profundidade casos em Colômbia, Nigéria, Paquistão, África do Sul, Estados Unidos e Uruguai, olhando para o que é necessário fazer para cumprir a Agenda 2030.
Focando no trabalho de cuidado não pago e no fim da violência contra as mulheres, o abrangente relatório examina todos os 17 ODS e quão profundamente entrelaçadas estão as diferentes dimensões de bem-estar e privação, afetando a vida de mulheres e meninas.
Como exemplo, aponta que uma menina nascida na pobreza e forçada ao casamento infantil tem mais chances de deixar a escola, engravidar precocemente, sofrer complicações no parto e enfrentar violência — um cenário que envolve todos os ODS.
Além disso, novos dados de 89 países revelam que existem 4,4 milhões mais mulheres vivendo com menos de 1,90 dólar por dia — o que pode ser explicado pelo desproporcional peso do trabalho de cuidado não pago, mais frequentemente realizado por meninas e mulheres, especialmente durante seus anos reprodutivos.
Ao olhar para além das médias nacionais, há importantes desigualdades entre mulheres e meninas que, mesmo no mesmo país, vivem em mundos diferentes por conta de desigualdades de renda, devido à sua raça, etnicidade ou localização.
Enquanto o relatório aborda formas de combater desigualdades estruturais existentes e o que é necessário fazer para o mundo se mover das promessas para a ação, o progresso permanece lento.
"É um problema em todos os países, desenvolvidos, em desenvolvimento, do norte, sul, leste e oeste", disse a chefe de pesquisas e dados da ONU Mulheres, Shahrashoub Razavi.
"Temos um longo caminho para atingir a igualdade de gênero universalmente", acrescentou, classificando a questão como "um problema que bloqueia a conquista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável".